Geração de energia do biogás de fazendas de suinocultura

20/01/2023

Fonte de energia limpa, o biogás utiliza resíduos orgânicos, como as fezes e urina animal para produção energética. Entenda como o biogás de fazendas de suinocultura pode ser gerado.

Como preservar a natureza e ainda gerar economia para a fazenda?

O biogás de fazendas de suinocultura é produzido a partir de dejetos dos animais que possuem um alto potencial energético. Cerca de 70% dos sólidos encontrados nos dejetos totais são voláteis, com potencial de produção de biogás. Assim, é possível que as fazendas transformem o passivo ambiental em ativo financeiro e se tornem autossustentáveis.

O biogás é uma mistura de gases composto principalmente por metano e dióxido de carbono. Ele é obtido por meio da digestão anaeróbica da matéria orgânica existente em diferentes materiais, os chamados substratos.

Este processo é provocado pela ausência de oxigênio, onde existe a proliferação de micro-organismos que degradam o material ocorrendo a formação do biogás. Por se tratar de um processo natural, diversos resíduos orgânicos da agropecuária e da indústria podem ser aproveitados como matéria-prima do biogás.

A importância do biogás de fazendas de suinocultura

Com as mudanças climáticas e a urgência da transição energética, nunca se investiu tanto em fontes renováveis. Na COP26, o Brasil assumiu o compromisso de reduzir em 30% as emissões de metano na atmosfera até 2030. O gás é 25 vezes mais poluente para o efeito estufa do que o dióxido de carbono. Nesse cenário, o biogás destaca-se por possuir um grande potencial energético de geração limpa.

No caso de animais, o dejeto da suinocultura é um dos mais usados para produção de biogás ou biometano e, para as fazendas que começaram a investir no modelo, é possível transformar o passivo em ativo, diminuindo os custos de produção e tornando-se autossustentável.

Referência na região central do Mato Grosso, a Fazenda Mano Julio é uma grande criadora de proteína animal com mais de 500 mil suínos por ano. Há dois anos, em parceria com a EVA Energia, implementou uma solução de reaproveitamento de dejetos de animais por meio de biodigestores para a geração de energia. A solução aplicada na Mano Julio é um exemplo de como a agropecuária pode se engajar no compromisso da redução das emissões de metano e adotar os princípios da economia circular em seu processo produtivo.

Atualmente, a propriedade rural possui 3 MW em operação e produz em torno de 60% da energia que consome, chegando a 100% até o final do ano. O excedente é colocado na rede da distribuidora local e o consumidor pode comprar por um custo abaixo do mercado. Ao converter resíduo em energia, a Mano Julio evita a emissão de mais de 3.600 toneladas por ano de metano na atmosfera.

Como é o processo

Na elaboração dos projetos, os biodigestores podem ser projetados e construídos de acordo com o tamanho da propriedade e volume de dejetos gerados diariamente. Além disso, saber as características dos resíduos também é importante para projetar a produtividade baseado na demanda do local.

Com o processo de digestão anaeróbica, o dejeto de suínos fermenta em um ambiente chamado biodigestor. Além do biogás, outro resultado desse processo é o biofertilizante orgânico na forma líquida.

O metano liberado no biodigestor pode ser utilizado em sua queima direta, para gerar calor. Esse processo acontece em estruturas conhecidas como flares ou queimadores. Também pode ser transformado em energia elétrica, por meio de geradores. Já o biofertilizante é aproveitado nas pastagens e lavouras, diminuindo o uso de adubos químicos.

O uso do biogás e o seu desenvolvimento

Embora pareça uma solução nova, no Brasil, os primeiros projetos com biogás aconteceram nos anos 70, mas se intensificaram a partir de 2009, tanto pelo avanço tecnológico quanto pela regulamentação da geração distribuída de energia elétrica por biogás pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Contudo, a produção de biogás na conversão em energia já é muito popular em países asiáticos como China e Índia.

Segundo o presidente da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o potencial energético do biogás e do biometano, no Brasil, é de mais de 100 milhões de m³ de gás por dia, o que poderia substituir quase 70% do diesel consumido no país. Porém, ainda há muito para se desenvolver, principalmente, no biogás produzido a partir de fazendas de suinocultura.

De acordo com dados da Associação da Indústria da Cogeração de Energia (Cogen), o país conta com 634 usinas de biogás com 18,9 GW de capacidade instalada de cogeração de biomassas — o que corresponde a mais de 10% da matriz elétrica brasileira (170,1 GW) e equivale a 1,3 usina hidrelétrica de Itaipu (14 GW).

As vantagens socioeconômicas e ambientais ligadas ao processo de produção do biogás de fazendas de suinocultura são inegáveis. Se você se interessou pelo tema e quer desenvolver um projeto na área, entre em contato conosco.

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